Marcas que apostam no paradigma da economia circular

 

Patagonia

A Patagonia, uma marca americana de roupa outdoor, apresenta-se como a “marca mais sustentável do planeta”, pelas ações e campanhas publicitárias que tem feito ao longo dos anos. A marca tem vido a implementar várias campanhas em prol da sustentabilidade ambiental, como a famosa campanha “Don’t buy this jacket”, uma página de publicidade em jornais americanos, na época da Black Friday, para apelar ao não consumismo dos cidadãos. A mensagem que transmitiram nessa campanha apresentava uma lista de fatores “chocantes”, para sensibilizar o consumidor.

A marca destaca-se pela defesa persistente pela sustentabilidade, minimizando o impacto ambiental que a produção de roupas provoca, e reciclando a matéria-prima ao máximo. Usam fibras orgânicas recicladas ou borracha para as roupas de mergulho, procuram fornecedores que reduzam o impacto no processo de fabrico, e incentivam ao arranjo das próprias peças de forma gratuita.

 

Fairphone

A Fairphone é uma empresa de eletrónica holandesa, que pretende revolucionar a indústria ao mudar a forma de como os dispositivos são construídos e produzidos, de forma justa (em inglês, fair). A marca começou por ser uma campanha de sensibilização, para partilha da utilização de minerais na indústria eletrónica e o impacto que estes provocavam. Em 2013, graças à resposta do público, foi criada a empresa Fairphone.

O modelo mais recente, o Fairphone 5, é o telemóvel mais sustentável do mundo, segundo os criadores, porque é construído com mais de 70% de materiais reciclados, é 100% neutro em termos de resíduos eletrónicos, tem 5 anos de garantia e 8 anos de suporte ao software, tem mais modularidade com mais peças sobresselentes disponíveis, e vem com a bateria mais justa (fair) do mundo. A premissa da marca é melhorar o abastecimento, o ambiente e a reciclagem por cada telemóvel que criam, pois, através da compra de um dos seus aparelhos, a indústria de produção de telemóveis será mais sustentável.

 

Refood

A Refood é uma organização sem fins lucrativos que se dedica ao combate do desperdício de alimentos e a ajudar comunidades locais. A organização foi fundada em Portugal e tem como objetivo criar uma rede de voluntários para recolher os alimentos que sobram de estabelecimentos comerciais e redistribuí-los a pessoas necessitadas.

O modelo de atuação da Refood envolve voluntários locais, que recolhem alimentos não vendidos ou excedentes de restaurantes, supermercados e outros estabelecimentos alimentares. Assim, a Refood permite, não só evitar o desperdício alimentar, como também promover a solidariedade e o senso de comunidade.

 

Too Good To Go

A iniciativa Too Good To Go é uma aplicação que foi desenvolvida com o objetivo de combater o desperdício de alimentos. Criada em 2016, e de cariz internacional, prima pelo seguinte conceito: conectar estabelecimentos alimentares (como restaurantes, padarias/pastelarias e supermercados) aos consumidores que desejam comprar alimentos a preços reduzidos, evitando que haja um desperdício alimentar e consciencializando a comunidade a agir de forma mais sustentável.

A economia circular emerge como um paradigma indispensável para enfrentar os desafios contemporâneos relacionados com a sustentabilidade e o consumo responsável. Ao adotar práticas que promovem a reutilização, reciclagem e prolongamento da vida útil dos produtos, estamos a construir um futuro mais sustentável e equitativo para as gerações futuras.

 

Ecosia

Ecosia é um motor de pesquisa online, que se destaca pelo seu compromisso com a sustentabilidade e pelo meio ambiente. Desenvolvido por um alemão, a Ecosia doa 80% da sua receita a organizações dedicadas à reflorestação e conservação de florestas sem fins lucrativos, através das pesquisas feitas pelos utilizadores.

O site “vende” a ideia de que quem o usa como motor de pesquisa está a plantar uma árvore. Conseguem fazê-lo com um contador de árvores plantadas no dashboard do site, o que motiva os utilizadores a contribuírem indiretamente para a iniciativa de reflorestação através de simples pesquisas. A ideia que define o projeto é a transformação da atividade diária de pesquisa na internet, numa ação positiva para o meio ambiente.

 

Um caso de economia circular na indústria portuguesa: tornar o plástico fantástico!

Focados em tornar a sua atividade mais responsável, reforçar o seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade, a marca portuguesa de equipamentos de refrigeração JORDAO apresentou um novo revestimento para os seus equipamentos feitos com material 100% reciclado e 100% reciclável. Utilizando plásticos pós-consumo trazidos pela comunidade, os resíduos plásticos foram reinventados com novas formas e utilizações, ganhando cores e texturas arrojadas. Ao mesmo tempo que se luta de forma séria pelo ambiente, pelos oceanos e pela biodiversidade. Prova de que a sustentabilidade pode ter estilo, ser desejável e esteticamente impressionante.

Na primavera de 2023 procurávamos soluções inovadoras e disruptivas que pudéssemos integrar nos novos modelos que iriamos apresentar na HostMilano em outubro, o principal certame mundial para o sector Hospitality. Estávamos em pleno processo de materialização dos vários projetos em curso e procurávamos, portanto, materiais e soluções inovadoras que estivessem alinhados com o nosso foco na sustentabilidade, quer ao nível das soluções técnicas e inovação, quer ao nível da seleção de materiais.

Foi precisamente neste momento, em que investigávamos e avaliávamos as várias alternativas, quase todas estrangeiras, que tivemos conhecimento de uma notícia sobre a 2ª edição do “Movimento faz pelo Planeta by Electrão”, que distingue projetos que fazem a diferença na defesa do planeta. E cujo primeiro prémio tinha sido entregue a uma empresa da nossa região a Oiá Plast da designer Isabel Bourbon e Patrick Barbosa. Ora, diríamos que foi o “encontro” perfeito, no tempo, no espaço e na solução.  Lançámos de imediato o desafio à start-up de industrializar a utilização de um material que habitualmente era utilizado em peças de autor e numa vertente artesanal.

De seguida pusemos em marcha uma campanha interna, que ainda hoje perdura, para a recolha de tampas e recipientes em plástico em HDPE ou polietileno de alta densidade. Com o mote “Com quantas tampas se faz uma vitrina? Não leves tampa, deixa aqui as tuas tampas”, convidámos todos os colaboradores da Jordão, e as suas famílias, a fazerem parte deste movimento. E a contribuírem, também por esta via, para realização dos expositores alimentares para pastelaria, gelados e cafetaria que iriam estar em destaque em Milão aos olhos do Mundo.

Já em Itália, a reação do público não poderia ter sido mais entusiasta. Clientes e visitantes anónimos reagiram muito positivamente e até com alguma surpresa pela transformação de um plástico pós-consumo, geralmente sujo e feio, num elemento belo e atrativo, quer do ponto de vista visual como do tato. Os expositores ganharam um destaque extra, ficaram enriquecidos com novo e inovador material de revestimento.

Ao todo foram reutilizados mais 32 mil tampas e 61 recipientes para a realização de placas de revestimento que foram posteriormente transformadas na empresa para o acabamento decorativo de sete expositores Jordão. Transformar resíduos em matérias-primas é win-win: ajuda o ambiente e resulta em produtos com uma história única. Mostra como a inovação e a sustentabilidade devem andar de mãos dadas.

De referir ainda que no mesmo certame a Jordão viu distinguido o seu expositor vertical de dupla temperatura Futuro 2 com a Innovation Smart Label Award. Este concurso organizado POLI.design de Milão e a HostMilano com o patrocínio da ADI – Associazione Italiana per il Disegno Industriale distingue produtos com um elevado nível de inovação que procuram romper e ir além das tendências estabelecidas no sector. O modelo da Jordão destacava-se, entre outros, pelo reaproveitamento do calor gerado naturalmente pela unidade de condensação (refrigeração) para manter quentes os alimentos expostos na secção aquecida a custo zero e sem consumo de energia. Mas esta é outra história!

 

 

 

Leia também o artigo sobre o caminho para a sustentabilidade através da economia circular.

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