O que é o reporte ESG e porque as PME devem fazê-lo

 

As empresas que adotam uma estratégia sólida e uma visão de médio a longo prazo, demonstram as suas aspirações futuras e avaliam o que afirmaram no passado em relação ao presente, verificando se estão realmente a concretizar essa visão. Essa abordagem não projeta apenas um olhar para o futuro, mas também garante que as afirmações feitas anteriormente sejam credíveis. É uma narrativa contínua, e é sob essa perspetiva que as empresas devem encarar o “reporte não financeiro”, ou seja, o reporte ESG, pois trata-se de uma jornada, não apenas de um relatório.

Influência do reporte ESG na avaliação de risco por parte das instituições bancárias

Além dos riscos económico-financeiros que as empresas enfrentam, como os altos e baixos inerentes às suas atividades e às condições do mercado, elas também estão expostas a outros tipos de ameaças que podem impactar significativamente o seu desempenho económico-financeiro. Por exemplo, uma empresa com uma fábrica localizada numa área de alto risco de incêndios pode sofrer grandes perdas caso ocorra um desastre dessa magnitude, o que pode gerar um impacto severo na sua capacidade de produção e, consequentemente, na rentabilidade.

Para evitar esses cenários, as empresas devem realizar uma análise abrangente dos riscos “não financeiros” que podem afetar as suas operações. Isto inclui a identificação de potenciais ameaças, como a construção de fábricas em áreas suscetíveis a incêndios, a localização de instalações em zonas sísmicas ou a exposição a riscos climáticos. Uma gestão eficaz de riscos vai além dos fatores puramente económicos, abrangendo também ameaças externas.

Empresas que negligenciam essa análise colocam-se em risco, pois sem um plano adequado de mitigação, podem ser apanhadas desprevenidas em caso de desastre. Ao identificar e avaliar a totalidade dos riscos, torna-se possível desenvolver planos de contingência para reduzir os impactos de eventuais crises. Embora não seja possível eliminar completamente os riscos, permite atenuar significativamente os seus efeitos.

As três áreas, que os bancos analisam com atenção para avaliar o potencial de crédito são: ambiente (E), social (S) e governação (G).

Na área ambiental, as empresas enfrentam não apenas questões de conformidade com a legislação aplicável, mas também desafios relacionados à sua estratégia e comportamento em relação ao impacto ambiental. Hoje, não é aceitável que as organizações adotem práticas prejudiciais ao meio ambiente, como descargas de poluentes ou emissões descontroladas, sem monitorização e transparência. Assim, a transparência tornou-se um pilar fundamental, garantindo que todas as práticas e impactos sejam avaliados.

A questão social está relacionada não só com o cumprimento da legislação (como a gestão de pessoas e o impacto das empresas na comunidade), mas também com a implementação de boas práticas que respondem às expectativas dos colaboradores.

A área de governação, muitas vezes vista como o “parente pobre” nas discussões sobre sustentabilidade, é, na verdade, absolutamente fundamental. As práticas de governança são decisivas para garantir que tanto os aspetos ambientais quanto os sociais sejam devidamente geridos e integrados na estratégia da empresa. Uma boa governação assegura que esses fatores são contemplados de forma equilibrada, promovendo uma empresa com uma estratégia sustentável e com uma abordagem sólida aos riscos.

Assim, é essencial analisar o conjunto de todos os indicadores ESG, pois uma empresa que apresente excelentes práticas ambientais, mas negligencie o impacto social, corre o risco de perder o equilíbrio necessário para uma operação sustentável.

Além disso, os bancos estão diretamente interessados neste equilíbrio devido ao Green Asset Ratio (GAR), um rácio que influencia a taxa de juro que eles próprios pagam às entidades comunitárias. Quanto maior for a percentagem de financiamento verde, mais baixa será a taxa de juro que os bancos pagarão para se financiar. Isso cria um forte incentivo para que a banca apoie empresas com projetos mais verdes, sustentáveis e bem geridos.

As empresas aproveitam as oportunidades que a nova abordagem à sustentabilidade oferece, ao mesmo tempo em que mitigam riscos, não apenas financeiros, mas também os mencionados anteriormente. Assim, é evidente que aquelas que elaboram relatórios financeiros de forma séria, honesta e consistente estão mais bem posicionadas para obter condições de financiamento mais favoráveis junto às instituições financeiras.

Vantagens do reporte ESG

Em primeiro lugar, o reporte deve ser fundamentado numa estratégia de sustentabilidade que esteja alicerçada na realidade da empresa e inclua uma análise eficaz dos seus riscos e oportunidades. Uma boa estratégia é essencial para garantir que o reporte seja mais eficaz e consistente. Em segundo lugar, o processo deve ser caracterizado por transparência e rigor, sempre que possível utilizando dados confiáveis provenientes de entidades externas e reconhecidas. Por fim, sempre que viável, é recomendado que o reporte seja auditado por uma entidade independente e respeitável, que valide a veracidade e a consistência das informações apresentadas.

dois aspetos fundamentais para que uma empresa consiga financiamento:

  • Primeiro, o reporte ESG serve como uma marca de diferenciação das PME junto do mercado. Hoje, ter um reporte ESG indica que a empresa está mais atualizada, com uma gestão moderna e organizada, contribuindo para uma imagem positiva perante o mercado.
  • Em segundo lugar, a transparência das informações torna a empresa mais confiável em comparação com aquelas que operam de forma opaca. Uma empresa que divulga as suas práticas, metas e desafios torna-se mais confiável junto do mercado, pois é mais fácil confiar numa organização que partilha essas informações do que numa da qual sabemos pouco.

Parceria da SCORING x SIBS

A SCORING assinou, recentemente, um acordo de parceria com a SIBS – entidade prestadora de serviços a todo o sistema bancário. A SIBS lançou uma plataforma para reporte ESG que apresenta duas soluções inovadoras:

  • É uma plataforma consensual junto de toda a banca, portanto todos os principais bancos portugueses estão comprometidos com esta solução;
  • Tornou-se um standard de mercado, onde as empresas podem fazer o seu reporte ESG através de qualquer banco participante e, posteriormente, permitir o acesso a outros bancos aderentes da sua escolha, facilitando o processo e garantindo que a informação seja aplicada de forma uniforme em todo o sistema bancário.

A SCORING destaca-se como uma das poucas empresas de consultoria parceiras desta solução, o que lhe permite oferecer um serviço completo de suporte aos seus clientes, desde a criação de contas na plataforma até à conclusão dos projetos de ESG. Este acompanhamento de “A a Z” coloca a SCORING na vanguarda deste tipo de soluções, permitindo às empresas cumprir com as exigências ESG de forma mais eficiente e integrada.

Programa PME +Sustentável

A SCORING desenvolveu o programa “PME +Sustentável”, que pode ser resumido como uma iniciativa que ajuda as PME a desenvolver estratégias de sustentabilidade. Embora algumas tenham adquirido conhecimento sobre estratégias empresariais e ferramentas de análise como SWOT e PEST, muitas delas carecem de compreensão sobre como abordar e integrar a sustentabilidade na sua gestão.

Nesse sentido, o programa PME +Sustentável facilita a realização de um diagnóstico de sustentabilidade nas empresas, começando pela identificação das questões materiais que mais impactam os seus negócios, além de avaliar os riscos e as oportunidades. Por meio deste trabalho aprofundado e de uma metodologia específica, as empresas conseguem definir os aspetos mais críticos para a formulação da sua estratégia de sustentabilidade.

A partir deste diagnóstico, o programa avança para a definição de uma estratégia de sustentabilidade que leva em consideração as questões identificadas e propõe soluções para mitigar ou eliminar os riscos, além de potenciar as oportunidades detetadas. Este é um processo dinâmico, pois uma estratégia não é algo que se define uma única vez para toda a vida da empresa; ela pode ser ajustada ao longo do tempo. Contudo, é fundamental ter um plano estratégico que indique o melhor caminho a seguir.

Uma palavra às PME antes de realizarem o seu reporte ESG

O primeiro e melhor conselho que posso dar é: comecem já! Iniciar cedo permite que se antecipem à concorrência e comecem um processo de comunicação com os colaboradores, promovendo uma abordagem mais sustentável e atenta não apenas aos riscos financeiros, mas também às diversas oportunidades que surgem.

Iniciar esse processo mais cedo também significa que estarão prontos para elaborar relatórios anuais sucessivos num período mais curto. Uma empresa que apresenta um relatório com um histórico de um ano, não possui uma história sólida para contar. A verdadeira riqueza e consistência de um reporte de ESG está em acompanhar ao longo dos anos o que a empresa prometeu e se realmente conseguiu cumprir. Definir metas é relativamente fácil; o desafio está em estabelecer metas intermediárias que sejam essenciais para alcançar os objetivos de longo prazo e verificar se essas metas foram cumpridas.

Esse aspeto é fundamental para fortalecer e tornar o reporte mais robusto e consistente, evidenciando a integridade e o comprometimento da empresa em definir e atingir as suas metas. Com o tempo, o processo de elaboração do reporte torna-se cada vez mais consciente, envolvendo mais auditores, prémios e certificações, o que irá acrescentar rigor e transparência ao reporte.

 

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