Sustentabilidade com Propósito: A Visão da Navigator para a Próxima Década

Artigo redigido por:
João Escoval (Head of Brands), Luís Rodiles (Molded Fiber Business Director), Nuno Rodrigues (Diretor de Energia e Transição Energética), Paula Guimarães (Diretora de Sustentabilidade), Pedro Matos Silva (Diretor de Tecnologia Digital), Nuno Neto (Diretor Financeiro), Pedro Sousa (Diretor de Gestão Florestal).
Desde a floresta, que gere de acordo com as melhores práticas silvícolas, suportadas por investigação científica, até aos bioprodutos, que desenvolve e fabrica numa dezena de unidades industriais em três países, há um fio condutor que liga a atividade da The Navigator Company – a sua estratégia de negócio responsável. Este compromisso com a sustentabilidade, assumido de forma pioneira e estruturada, traduz-se num conjunto coerente de ações, investimentos e metas, que fazem da empresa uma referência na transição para uma bioeconomia de base florestal, circular e de baixo carbono.
Quando afirma o seu posicionamento enquanto “Bioindústria no lado certo do futuro”, a The Navigator Company expressa a sua mobilização para fazer parte da solução para os grandes desafios societais da nossa era, nomeadamente a descarbonização da economia, a dependência dos recursos fósseis, as alterações climáticas e a produção energia renovável.
Produtor integrado de floresta, pasta, papel, tissue, soluções sustentáveis de packaging e bioenergia, a The Navigator Company emprega diretamente cerca de 4.000 pessoas e é responsável por mais de 30 mil empregos indiretos e induzidos. Gere cerca de 109 mil hectares de floresta de acordo com as melhores práticas e partilha esse conhecimento com a comunidade de produtores. Representa 2% das exportações de bens do país e mais de 30% das exportações de todo o setor florestal. Este peso na economia traz consigo uma exigência: a de crescer com os princípios da sustentabilidade no centro da estratégia empresarial, gerando valor ambiental, económico e social em todas as dimensões da sua atividade.
Para enfrentar os desafios e oportunidades da década, marcada por profundas mudanças à escala global, e potenciar o impacto positivo da empresa na sociedade, a The Navigator Company definiu a sua Agenda de Gestão Responsável 2030, que constitui a matriz conceptual e operacional que orienta as decisões e a estratégia de negócio.
Foi construída com o envolvimento de mais de 600 stakeholders, tanto internos como externos, e tem como referencial os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Está estruturada em torno de dois eixos de atuação, “Sociedade” e “Clima e Natureza”, que refletem as duas dimensões centrais do propósito da Navigator – Pessoas e Planeta.
Esta estratégia de gestão responsável, que integra e evidencia o compromisso da empresa com a sustentabilidade, ganhou expressão operacional através do Roteiro 2030, um plano de ação de longo prazo que dá corpo a 21 compromissos estratégicos com metas claras, e que tem vindo a orientar investimentos, decisões de gestão e inovação.

Cada compromisso tem metas específicas, indicadores mensuráveis e horizontes temporais claros, assegurando não só o alinhamento com os ODS, como também a sua tradução prática em decisões operacionais e estratégicas.
A Navigator detém um histórico de liderança em sustentabilidade, tendo sido pioneira na adoção destas práticas, mesmo antes da formalização do conceito, em 1987, pelo Relatório Brundtland. Este compromisso com mais de sete décadas, presente desde a fundação da empresa, está expresso no seu propósito corporativo – “São as pessoas, a sua qualidade de vida e o futuro do planeta que nos inspiram e nos movem” – e no conceito central da sua Agenda de Gestão Responsável 2030: “Criar Valor com Responsabilidade”.
A floresta como ponto de partida
A Navigator gere cerca de 109 mil hectares de floresta em Portugal Continental, integralmente certificada por exigentes padrões internacionais, garantindo a produção sustentável da sua matéria-prima.
A madeira utilizada nos seus bioprodutos provém exclusivamente de florestas plantadas para esse fim. Os viveiros da empresa, entre os maiores da Europa, têm capacidade de produção anual superior a 12 milhões de plantas, promovendo a biodiversidade através do cultivo de mais de uma centena de espécies florestais e ornamentais que, não tendo valor económico direto, são fundamentais para a biodiversidade e, por isso, são financiadas pela empresa.
Além dos produtos valorizados pelo mercado, como madeira, cortiça ou resina, as florestas plantadas geridas de forma sustentável geram outras externalidades positivas, muitas vezes invisíveis, e que são potenciadas por essa boa gestão, tais como o sequestro de carbono, proteção do solo, regulação dos regimes hídricos e conservação da biodiversidade. Estas boas práticas silvícolas e de planeamento permitem, paralelamente, mitigar riscos, nomeadamente os de incêndio, e aumentar a produtividade, fator essencial para estimular o interesse dos proprietários pelas suas terras, combatendo aquele que é porventura o maior risco de todos: o abandono da gestão das áreas florestais.
Com base na experiência acumulada e nas soluções técnicas desenvolvidas ao longo dos anos, a Navigator planeia as suas plantações de forma a preservar áreas sensíveis e a mitigar o risco de incêndios. Estas medidas abrangem a criação de faixas de gestão de combustível, a manutenção de caminhos e aceiros, a monitorização contínua da floresta e a formação de equipas especializadas em prevenção e combate a incêndios. A empresa promove, igualmente, a diversificação da paisagem florestal, integrando diferentes idades e espécies, o que contribui para aumentar a resiliência da floresta aos incêndios.
A conservação da biodiversidade é outra das práticas incorporadas na gestão florestal sustentável e faz parte integrante do modelo de atuação da Navigator. Cerca de 12% da área gerida pela empresa é constituída por zonas com interesse para a conservação, sendo 4.474 hectares classificados como habitats protegidos pela Rede Natura 2000. Em 2024, estavam identificadas nas áreas da Navigator 1195 espécies e subespécies de flora e 268 espécies de fauna.
O Eucalyptus globulus está presente há mais de 150 anos em Portugal, onde encontrou condições ideais para se desenvolver, mesmo em solos pobres, e se tornou a base de uma indústria de excelência. Esta espécie esteve na origem de um pioneirismo mundial quando, em 1957, a Companhia Portuguesa de Celulose – antecessora da The Navigator Company – produziu pela primeira vez à escala industrial pasta branqueada de eucalipto globulus pelo método Kraft e os primeiros papéis integralmente à base desta pasta – bioprodutos que hoje são referência à escala global.
Este sucesso do Eucalyptus globulus em Portugal veio impulsionar o desenvolvimento de um sólido conhecimento técnico sobre a floresta, fortemente apoiado pela investigação científica – nomeadamente o trabalho desenvolvido pelo RAIZ, Instituto de Investigação da Floresta e Papel, fundado pela Navigator em 1996, em parceria com as Universidades de Aveiro, de Coimbra e de Lisboa. Um trabalho que tem permitido melhorar significativamente a produtividade, a resiliência e a qualidade da fibra, consolidando o sucesso internacional dos produtos a que dá origem.
Hoje, o RAIZ lidera estudos nas áreas de nutrição florestal, resistência a pragas, alterações climáticas e melhoramento genético do eucalipto, sustentando a gestão responsável das plantações, com foco na proteção do solo, da água e da biodiversidade.
A investigação aplicada abriu também caminho à introdução de tecnologias avançadas, como drones, sensores remotos e sistemas de informação geográfica, que permitem monitorizar a saúde das plantações, prevenir pragas e avaliar o crescimento das árvores com maior precisão, promovendo uma gestão mais eficiente e sustentável.
Este conhecimento adquirido é amplamente partilhado, nomeadamente com os produtores florestais, em alinhamento com os objetivos da sua Agenda 2030. Em 2024, a Navigator investiu 228 M€ em vários distritos de Portugal, no quadro da sua estratégia de Fomento Florestal e através de programas de melhoria das práticas florestais, tornando os territórios mais produtivos e mais resilientes aos fatores de risco. A Navigator colabora regularmente com Associações de Produtores Florestais na melhoria contínua da gestão florestal sustentável de acordo com os principais normativos internacionais.
Inovação que substitui o fóssil
A sustentabilidade e a inovação, dois valores fundacionais da Navigator, caminham e evoluem de forma interligada nas estratégias da empresa, potenciando-se mutuamente. O propósito da Navigator é, novamente, um exemplo claro desta abordagem, quando a empresa assume o compromisso com a criação de valor sustentável para todos os stakeholders, “deixando às futuras gerações um planeta melhor, através de produtos e soluções sustentáveis naturais, recicláveis e biodegradáveis, que contribuem para a fixação de carbono, para a produção de oxigénio, para a proteção da biodiversidade, para a formação de solo e para o combate às alterações climáticas”.
A solidez industrial e o conhecimento e experiência acumulados ao longo de sete décadas de descoberta das aptidões únicas da fibra do eucalipto globulus, posicionam hoje a The Navigator Company na vanguarda do desenvolvimento e da produção de novos bioprodutos com base nesta espécie, enquanto alternativas aos produtos que recorrem a matérias-primas fósseis.
O segmento das soluções sustentáveis de embalagem é emblemático destas novas aplicações da fibra curta do Eucalyptus globulus. Sob o lema “From Fossil to Forest”, a Navigator lançou, em 2021, a marca gKRAFT™, que vem contribuir para acelerar a transição do uso do plástico descartável para a utilização de fibras naturais, sustentáveis, recicláveis e biodegradáveis, assumindo assim, e uma vez mais, o seu compromisso com a sustentabilidade.
Esta gama está já presente em 42 países, com papéis-base para a produção de sacos (gama Bag), embalagens flexíveis (gama Flex) e caixas de cartão canelado, copos e trays alimentares (gama Box). Integralmente produzidas a partir da fibra de Eucalyptus globulus, as embalagens transformadas com gKRAFTTM utilizam menos madeira do que soluções elaboradas a partir de outras fibras e apresentam melhores características de compostabilidade e biodegrabilidade.
No seguimento da estratégia definida para a área de Packaging, a Navigator iniciou, em 2024, a produção de peças de celulose moldada, que oferecem uma resposta para a necessidade cada vez mais premente de substituição das embalagens de origem fóssil e uso único que predominam no setor alimentar.
É a primeira vez, a nível mundial, que se produzem artigos de celulose moldada a partir de fibra de eucalipto. A nova unidade industrial, construída em Portugal (Aveiro) para este fim, tem uma capacidade de produção de cerca de 100 milhões de peças por ano e é a maior do mundo verticalmente integrada com a produção de celulose de eucalipto globulus.
Já em 2025, esta gama de celulose moldada recebeu a certificação de conformidade com a Regulamentação Europeia (EC) N.o 1935/2004 (relativa a artigos e materiais para contacto alimentar) e, pela primeira vez em produtos deste género, com a recomendação alemã BfR XXXVI.
Estes bioprodutos são fabricados em Portugal, com madeira nacional e certificada, e são uma alternativa mais segura do ponto de vista ambiental e social a outras matérias-primas vegetais importadas sem certificação e com uso intensivo de pesticidas.
O intenso trabalho de I&D, e a capacidade de o industrializar com sucesso, está a abrir o caminho para mais aplicações em bioprodutos sustentáveis. A Navigator tem em estudo projetos em várias áreas, nomeadamente nos biocombustíveis, uma aplicação essencial no contributo para a descarbonização de setores em que a eletrificação se afigura especialmente complexa, como os transportes marítimos e aéreos.
Os potenciais projetos industriais em análise neste domínio observam as condições únicas de Portugal para a produção destes novos bioprodutos: plantações florestais de eucalipto, indústria papeleira e aptidão climática para a produção de energias renováveis, condições incontornáveis para se atingirem níveis de redução da pegada carbónica, com estes novos combustíveis, que podem ser superiores a 90%.

Cuidar dos impactos
Para além de tudo aquilo que faz, a The Navigator Company dedica um foco essencial da sua estratégia de sustentabilidade à forma como o concretiza.
A Navigator foi, assim, a primeira empresa portuguesa – e uma das primeiras a nível mundial – a estabelecer como meta a descarbonização dos seus complexos industriais até 2035, antecipando em 15 anos os objetivos definidos a nível nacional e europeu.
Este compromisso traduziu-se num Roteiro de Descarbonização com um investimento total previsto de cerca de 350 milhões de euros entre 2019 e 2028. Fruto dos investimentos já realizados, até 2024, conseguimos reduzir em 41% as emissões diretas de âmbito CELE – Comércio Europeu de Licenças de Emissão, em comparação com os níveis de 2018.
Para além deste compromisso inicial, a Navigator aderiu à Science Based Targets initiative (SBTi) – organização global reconhecida internacionalmente pela avaliação das iniciativas das empresas rumo a uma economia de baixo carbono – e estabeleceu, também, metas de redução para a totalidade do seu inventário de emissões. Estas metas climáticas com base em ciência foram aprovadas pela SBTi e reconhecidas como um “elemento-chave” na jornada da Navigator para a descarbonização net-zero.
A racionalização do uso da energia representa outro dos projetos mobilizadores da empresa. Nos quatro complexos industriais que detém em Portugal, a Navigator já investiu mais de 8 milhões de euros em medidas de eficiência energética, que permitiram poupanças de cerca de 100 GWh por ano – o equivalente a evitar 23 mil toneladas de emissões de CO₂. Paralelamente, a instalação de mais de 21 mil painéis solares vem expandir a capacidade de energia fotovoltaica de 12 MWp para 38 MWp, o que a posiciona como a empresa com maior capacidade instalada de autoconsumo solar em Portugal em ambiente industrial.
As fontes renováveis assumem, hoje, um papel dominante no perfil energético da Navigator: 78% da energia elétrica que produz e 79% da energia primária que consome têm origem renovável.
Também a água está no centro da sua estratégia industrial sustentável. Até 2030, a empresa comprometeu-se com a redução no uso específico de água das operações industriais em 33% face aos valores que registava em 2019. Em 2024, 80% da água utilizada no total das operações foi devolvida ao ambiente, após ter sido tratada com as melhores tecnologias.
Um modelo com futuro
Ao colocar a sustentabilidade no centro da sua identidade e da sua estratégia de negócio, a The Navigator Company afirma-se como um agente transformador, capaz de dar respostas concretas e consistentes aos desafios ambientais, económicos e sociais do nosso tempo. Esta abordagem traduz-se numa atuação integrada e coerente – da floresta à indústria, da inovação tecnológica à relação com as comunidades –, que alia conhecimento, experiência e compromisso a uma visão de longo prazo.
Seja no desenvolvimento de bioprodutos de base florestal que substituem os de origem fóssil, na gestão ativa e sustentável da floresta, no investimento contínuo em energia limpa e eficiência, ou na adoção de soluções digitais assentes em inteligência artificial, a Navigator mostra como o setor privado pode liderar pela inovação e pelo exemplo. O impacto gerado ultrapassa as fronteiras do setor florestal ou industrial, contribuindo para a transição para uma economia mais circular, resiliente e de baixo carbono.
Porque criar valor com responsabilidade é, hoje mais do que nunca, uma exigência que se impõe. E também uma oportunidade que se constrói, todos os dias.