A Sustentabilidade da Felicidade nas PME Portuguesas: é a Felicidade Sustentável?

 

No panorama empresarial atual, a sustentabilidade da felicidade nas Pequenas e Médias Empresas (PME) em Portugal tem-se revelado um fator decisivo para a sobrevivência e crescimento. Num mercado cada vez mais competitivo, onde as exigências de inovação e adaptabilidade são constantes, não deixa de ser curioso como algo que parecia “intangível” como a felicidade, pode ser o segredo para o sucesso. Será que, finalmente, as empresas estão a compreender que o bem-estar dos seus colaboradores é mais do que uma simples tendência passageira?

Estudos recentes apontam para uma ligação cada vez mais evidente entre a promoção da felicidade e o aumento da produtividade. Parece simples: colaboradores felizes trabalham mais e melhor. Mas se é assim tão claro, porque continuam tantas empresas a ignorar esta evidência? A resposta talvez resida na falta de visão estratégica. Muitas das empresas que hoje consideramos gigantes mundiais perceberam há muito que o caminho para o sucesso passa por colocar o bem-estar no centro das suas operações. Não é apenas uma questão de ética, mas uma estratégia de negócio inteligente.

As empresas portuguesas, especialmente as PME, têm sido confrontadas com novos desafios: por um lado, a necessidade de se destacarem num mercado global e, por outro, a pressão para se alinharem com as regulamentações europeias, que incluem práticas de ESG (Environmental, Social and Governance). Estes três pilares têm impulsionado a adoção de práticas que colocam a felicidade no centro das estratégias empresariais. E não é apenas uma questão de seguir tendências, é uma necessidade real para sobreviver num mercado que valoriza, cada vez mais, a sustentabilidade em todas as suas formas.

O relatório World Happiness Report reforça esta ideia ao destacar que os países que investem no bem-estar, tanto a nível governamental como empresarial, não só observam cidadãos mais satisfeitos, mas também um crescimento económico mais robusto. Em Portugal, os números são reveladores: empresas que implementam políticas de bem-estar registam aumentos de produtividade na ordem dos 15%, segundo o Eurostat. Se a matemática não mente, porque é que a felicidade continua a ser um tema secundário em tantas organizações?

É inegável que o cenário económico atual obriga as empresas a procurarem novas formas de se manterem competitivas. A implementação de práticas de felicidade organizacional nas PME tem-se revelado uma estratégia sustentável, capaz de criar um ciclo virtuoso onde a satisfação dos colaboradores alimenta o crescimento da própria empresa. Empresas que adotaram o trabalho híbrido ou horários flexíveis, por exemplo, reportam uma redução no absentismo em cerca de 25%. Isto não só melhora a vida dos colaboradores, como também aumenta a eficiência operacional.

O segredo parece estar na forma como a liderança encara esta questão. Em várias PME portuguesas, a adoção de programas de formação para líderes tem mostrado resultados promissores. Líderes que promovem a felicidade através de uma gestão empática e inspiradora conseguem fomentar um ambiente de trabalho mais coeso e inovador. Não é por acaso que a inovação é outro fator que anda de mãos dadas com a felicidade nas empresas. Quando os colaboradores se sentem valorizados, tornam-se mais criativos e dispostos a arriscar, o que é essencial para o crescimento sustentável.

E o papel das políticas ESG nesta equação? As PME em Portugal estão a aderir, de forma crescente, a certificações e processos que reforçam a sustentabilidade dos seus negócios, com cerca de 41,5% das empresas já a implementar essas práticas. Ao integrá-las com a promoção da felicidade organizacional, cria-se uma espécie de “efeito dominó” onde o bem-estar leva a uma maior produtividade, que por sua vez fortalece a sustentabilidade financeira e social da empresa. Não é apenas uma estratégia inteligente, é um modelo de negócios que, para além de garantir o crescimento, assegura a sua longevidade num mundo cada vez mais preocupado com a responsabilidade social.

Ignorar a felicidade organizacional é caminhar para a irrelevância. A sustentabilidade da felicidade nas PME, seja em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo, já não é uma questão ética ou de “moda”. É uma necessidade estratégica. O futuro das empresas depende da capacidade de reconhecer que, sem a felicidade dos seus colaboradores, não há inovação, não há crescimento e, eventualmente, não há sobrevivência. O que outrora foi considerado uma “abordagem suave” é agora uma arma poderosa para enfrentar as exigências de um mercado cada vez mais rigoroso. Num mundo em constante mudança, só as empresas que conseguirem alinhar a felicidade com a sua estratégia de negócios terão lugar na linha da frente. E essas serão, sem dúvida, as que irão prosperar.

 

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