A SIBS assinou um protocolo com a SCORING que visa a evolução da sustentabilidade / ESG nas empresas
A SCORING esteve à conversa com a CEO do Grupo SIBS, Madalena Cascais Tomé, para debater temas como a inovação e a internacionalização, abordando a solução do ESG neste âmbito. A SCORING e a SIBS assinaram um protocolo a 29 de agosto, que visa a evolução da sustentabilidade / ESG nas empresas focando no alinhamento de processos e estímulos à evolução ESG, junto das empresas portuguesas.
SCORING Magazine (SM): A SIBS é um grupo nacional com presença internacional que sempre teve a inovação no seu ADN. Estando a sustentabilidade na ordem do dia, como a SIBS vê o propósito da sua organização?
Madalena Cascais Tomé (MCT): O propósito da SIBS é criar valor através da inovação tecnológica, disponibilizando soluções de pagamento seguras, eficientes e convenientes, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e da sociedade. A SIBS é o parceiro de confiança dos vários stakeholders, instituições financeiras, empresas e pessoas, contribuindo de forma ativa para a digitalização dos mercados em que opera, e por essa via, para sociedades mais inclusivas e social e ambientalmente mais sustentáveis.
A sustentabilidade faz parte, por isso, do ADN da SIBS e está presente em tudo o que fazemos.
Posso dar dois exemplos práticos:
- O MB WAY Eco, que tem como objetivo reduzir a emissão de talões nos Terminais de Pagamento Automático. Ou seja, 11 centímetros de papel que muitas vezes vão diretamente para o lixo e que podem ser “poupados” ou “evitados” quando o utilizador do MB WAY e o comerciante têm a opção MB WAY Eco ativa. Posso dizer até à primeira quinzena de junho, e note-se que esta é uma funcionalidade muito recente que foi oficialmente lançada no início de março, o MB WAY eco tinha já poupado o equivalente a cerca de 478 km de papel, o que equivale a 1292 kg de CO2.
- O MB WAY Ser Solidário, que permite fazer pequenos donativos de forma fácil e conveniente no MB WAY, contribuindo assim para apoiar mais de 250 instituições de solidariedade que aí estão representadas. No MB WAY Ser Solidário, os utilizadores MB WAY podem ainda todos os meses contribuir e votar para causas muito concretas, e ajudar quem ajuda, e com pouco fazendo muito. No último ano através do Ser Solidário, disponível através do MB WAY e também na Rede MULTIBANCO, foi possível recolher cerca de 4,2M€ de donativos.
É com esta visão e foco em desenvolver tecnologia com impacto, e tornar fácil o que é complexo, não deixando ninguém para trás, nomeadamente as PME, que lançámos em junho deste ano, o SIBS ESG, uma plataforma destinada a simplificar a recolha e gestão de informação de sustentabilidade das empresas. O SIBS ESG permite que as empresas, qualquer que seja a sua dimensão, sistematizem e reportem dados ESG, e realizem um autodiagnóstico sobre a sua posição de partida, com base no qual podem desenvolver um plano de transição. O SIBS ESG permite ainda que as empresas enviem os seus dados de sustentabilidade às suas instituições financeiras, promovendo a eficiência e a simplificação de processos regulatórios.
SM: Podemos afirmar que uma empresa que nasceu em Portugal há mais de 40 anos, com um ADN de inovação que se mantém com a relevância que a SIBS tem atualmente, e que criou soluções inovadoras como o MULTIBANCO, é uma empresa com uma história de sucesso, certo?
MCT: É verdade. Há 41 anos que a SIBS trabalha para disponibilizar serviços digitais, nomeadamente na área dos pagamentos, inovadores, fiáveis e seguros, tendo a tecnologia e o talento como nosso principal motor de sucesso, e tem vindo a construir uma história de sucesso.
Há 39 anos lançámos aquele que foi o primeiro grande motor de inovação e digitalização em Portugal, a Rede MULTIBANCO, uma marca 100% nacional, posicionada ao nível do que melhor se fez em termos de economia digital, quando esse conceito ainda não estava na ordem do dia. Um produto estrela muito acarinhado pelos portugueses, e que já está a dar os primeiros passos noutros mercados como Roménia e França.
A SIBS esteve na génese de algumas das principais inovações portuguesas de base tecnológica, como é caso da Rede MULTIBANCO, da Via Verde, dos carregamentos de telemóveis e das Referências MULTIBANCO para pagamento de serviços.
Este ADN de inovação continua e tem vindo a afirmar-se cada vez mais como um dos principais valores da SIBS. Nos últimos 5 anos lançamos mais de 60 novos produtos e serviços. Entre os quais está o MB WAY, que foi o primeiro serviço de pagamentos imediatos na Zona Euro, e é ainda hoje um dos serviços mais inovadores e mais completo a nível global. Com o MB WAY, a SIBS conseguiu digitalizar por completo a carteira dos portugueses, que hoje podem sair de casa e fazer todos os seus pagamentos só com telemóvel – compras, utilizar os transportes, enviar dinheiro a família e amigos, e até utilizar o MULTIBANCO.
É neste contexto, sempre a inovar, que surgiram mais recentemente o MB WAY pulse, a nova Rede ATM Express, os terminais de compras MULTIBANCO nova geração, a plataforma de e-commerce SIBS Pay, o SIBS Analytics, o SIBS API Market, e também mais recentemente o SIBS ESG.
Para nós o sucesso mede-se por impacto. Tornar simples e mais conveniente o dia-a-dia de pessoas e empresas. Por isso, continuamos a inovar e desenvolver soluções de base portuguesa, que hoje são usadas diariamente por mais de 150 milhões de pessoas em mais de 25 países, em 4 continentes, e a contribuir ativamente para o desenvolvimento económico e social dos mercados em que estamos presentes. Em Portugal, na Europa, nos países em desenvolvimento, queremos continuar a inovar e a contribuir para o desenvolvimento e inclusão, sem deixar ninguém para trás.
SM: Em que consiste o SIBS ESG?
MCT: A sustentabilidade tornou-se um imperativo, não apenas na dimensão ambiental, mas também nas dimensões social e de governance, como fatores que traduzem o princípio de que o impacto das organizações deve ir para além do curto prazo e dos resultados financeiros. Com a perspetiva e o esforço global de combate urgente às alterações climáticas, mas também a um mundo mais justo e equitativo, na Europa estamos cada vez mais empenhados e conscientes de que o desempenho e impacto ESG é um fator determinante na avaliação das organizações, da sua consistência, incluindo para efeitos de avaliação de risco e retorno por investidores e outras partes interessadas.
A Europa está na vanguarda da transição para um modelo de desenvolvimento sustentável, adotando uma visão ambiciosa em relação aos princípios ESG. Esse compromisso reflete-se na formulação de políticas públicas e regulamentos que visam não apenas mitigar os impactos ambientais, mas também promover a responsabilidade social e a governança corporativa ética nas empresas europeias.
O facto dos novos regulamentos e instrumentos europeus abrangerem de forma direta ou indireta as cadeias de valor, e os processos e instrumentos financeiros e de financiamento pelas Instituições Financeiras, resulta em que potencialmente todas as empresas serão abrangidas, o que necessariamente incluirá as PME. Neste contexto, estamos a assistir a uma evolução de paradigma em que todas as empresas, qualquer que seja a atividade ou dimensão, reportam sobre sustentabilidade, tal como reportam atualmente sobre os seus resultados financeiros. As empresas passarão a ter de reportar sobre critérios ESG, tal como já acontece sobre os seus resultados financeiros, não só para acederem a crédito e instrumentos financeiros, mas também por pressão dos seus clientes.
Neste contexto, a SIBS avançou com o desenvolvimento do SIBS ESG, uma plataforma especializada, disponível de forma livre e gratuita para qualquer empresa, e qualquer atividade e dimensão, destinada a simplificar a gestão da informação de sustentabilidade das empresas, permitindo que estas sistematizem e reportem dados ESG, realizem um autodiagnóstico sobre a sua posição de partida (com base no qual podem desenvolver um plano de transição), e que partilhem os seus dados de sustentabilidade com as instituições financeiras, promovendo a eficiência e a simplificação de processos de reporting.
Através desta plataforma, as empresas têm acesso a uma gama de ferramentas avançadas para a gestão de sustentabilidade empresarial, na qual poderão preencher a informação de sustentabilidade e partilhar com as instituições financeiras, também incorporando temas críticos das normas europeias como a Taxonomy Regulation, o CRR (Capital Requirements Regulation) e a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), e ainda ter acesso a ferramentas essenciais para calcular emissões e avaliar riscos físicos.
A plataforma SIBS ESG contém um autodiagnóstico ESG que inclui uma sistematização das políticas ESG da empresa, adequada para todas as dimensões empresariais e alinhada com os padrões ESRS (European Sustainability Reporting Standards). Compreende também a Taxonomia empresarial com tabelas regulamentares específicas para cada setor, promovendo o cumprimento das normas europeias. A Calculadora de CO2 da plataforma estima as emissões de GEE (gases com efeito de estufa) da empresa de forma simples e precisa, cobrindo categorias de emissão de âmbito 1, 2 e 3. Além disso, os Riscos Físicos avaliam os riscos específicos aos quais a empresa está exposta, com base na sua localização. A SIBS proporciona ainda sessões de formação e demonstrações da plataforma às empresas que pretendam aderir, e disponibiliza uma equipa de suporte para esclarecimento de dúvidas no momento de preenchimento e submissão dos questionários.
Implementar práticas ESG não só ajuda a mitigar riscos, a responder a exigências regulatórias, e a novos requisitos de investidores e financiadores, mas também abre portas para novas oportunidades de negócios e inovação. Além disso, empresas que incorporam critérios ESG na sua atividade tendem a ser mais resilientes e a criar valor a longo prazo, beneficiando tanto os acionistas quanto a sociedade em geral. Com o SIBS ESG, a SIBS contribui de forma ativa e empenhada a apoiar as empresas em Portugal nesta enorme, mas urgente transformação.
SM: Quais são os benefícios imediatos para uma empresa ao utilizar a plataforma SIBS ESG?
MCT: Para as empresas, a plataforma representa uma solução eficiente para reporting baseado na regulamentação ESG, reduzindo a sua complexidade e demonstrando o seu compromisso para com as práticas sustentáveis. As empresas que aderirem à plataforma poderão realizar um autodiagnóstico, de forma gratuita e simplificada, e obter selos de distinção que reconhecem o seu compromisso com a sustentabilidade. Estes selos destacam as empresas como pioneiras em práticas de reporting sustentáveis, contribuindo para o seu reconhecimento e reputação.
Ao concluir o processo, as empresas ficam mais conhecedoras dos indicadores-chave relevantes para a estratégia ESG e com uma maior clarificação sobre o seu posicionamento ESG, possibilitando-se assim uma mais fácil definição de um plano de ação.
A partilha da informação previamente preenchida numa plataforma única para resposta a solicitações pelas instituições financeiras, é outra vantagem clara da solução, permitindo a reutilização, além da facilidade de acesso à informação preenchida e sistematizada pelo Portal sempre que necessário, com a possibilidade de utilização do relatório de um ano como base para o do ano seguinte.
SM: E para as instituições financeiras? O que as atraiu a participar no SIBS ESG?
MCT: O projeto foi acolhido desde a primeira hora de forma entusiástica pelas principais instituições financeiras a operar em Portugal no segmento empresarial, com destaque para as instituições fundadoras (Bankinter, BPI, Crédito Agrícola, Caixa Agrícola Bombarral, Caixa de Crédito de Leiria, Caixa Agrícola de Mafra, Caixa Agrícola de Torres Vedras, Caixa Geral de Depósitos, EuroBic, Millennium bcp, Montepio, Novobanco e Santander).
Para as instituições financeiras, a plataforma SIBS ESG facilita a recolha, standardização e acesso à informação ESG de que necessitam para cumprimento de novos requisitos regulatórios europeus. Com base nesta plataforma, as instituições financeiras, com o consentimento das empresas, poderão aceder a essa informação através de mecanismos automáticos, assim evitando o esforço adicional de partilha de dados dessas empresas.
Adicionalmente, a SIBS disponibiliza uma equipa de suporte especializada com valências plurissectoriais para esclarecimento de dúvidas no momento de preenchimento e submissão dos questionários a todas as empresas.
A transição ESG é um enorme e urgente esforço, que só é possível com a colaboração e cooperação de todos os intervenientes, e as instituições financeiras em Portugal, com a SIBS, foram pioneiras nesta cooperação, em prol de um objetivo maior e de facilitar a transição das empresas em Portugal.
SM: A SIBS tem estado a estabelecer parcerias com diversas entidades para difundir esta ferramenta pelo meio empresarial?
MCT: Essa tem sido uma das principais alavancas de sucesso do projeto. No âmbito deste ecossistema a SIBS tem estabelecido parcerias através de associações, academia e outras instituições, que atuam e apoiam empresas, para assegurar a maior adequação e proximidade aos vários setores e empresas, nomeadamente às PME, e garantir que todos podem contribuir e fazer parte desta transformação. Exemplo disso é a parceria que firmamos com a SCORING para apoiar as empresas na utilização da plataforma e assim estimular a evolução ESG junto das empresas portuguesas.
SM: É uma ferramenta simples de utilização?
MCT: A SIBS tem como missão desenvolver produtos inovadores, simples, seguros e práticos. O SIBS ESG não foge a esse compromisso.
De qualquer forma, tendo em conta que todo este tema da sustentabilidade é novo maioritariamente para as PME, a SIBS tem desenvolvido alguns webinares para apoiar as empresas no preenchimento dos diversos questionários. A equipa SIBS está a realizar cerca de dois webinars por mês e qualquer pessoa pode-se inscrever. Basta ir ao site e inscrever-se nas formações (esg.sibs.com/formacoes/).
SM: E como tem sido acolhida a plataforma pelo mercado?
MCT: A plataforma SIBS ESG tem-se revelado uma ferramenta relevante para a atividade das empresas exportadoras, que representam já 72% das empresas utilizadoras deste serviço. Os resultados dos últimos meses demonstram o papel crucial desta tecnologia nos objetivos ESG nas operações nacionais e internacionais das empresas, fortalecendo a competitividade global, a sua reputação e a sustentabilidade a longo prazo.
Entre as empresas que já utilizam a plataforma gratuita e aberta a todos, mais de 50% são pequenas empresas e 35% são médias empresas. Os restantes 11% dizem respeito a grandes empresas. Em termos de setores, as empresas estão sobretudo representadas pelas indústrias transformadoras, comércio por grosso e a retalho, bem como construção.
Em termos de distribuição geográfica, a adesão à solução conta já praticamente com uma cobertura global nacional, sendo o distrito de Leiria o que regista o maior número de empresas que já utilizam a plataforma, seguido de Lisboa, Porto, Braga e Aveiro. Também Santarém, Viseu, Ponta Delgada, Viana do Castelo, Castelo Branco, Coimbra, Setúbal e Évora têm aderido à plataforma com o objetivo de trabalhar para um futuro mais sustentável.
SM: E o futuro? Como será o futuro do SIBS ESG?
MCT: Ao mesmo tempo que estamos a difundir e a apoiar as empresas a utilizarem esta ferramenta que é totalmente gratuita para elas, temos estado em colaboração com as diversas entidades com quem temos parceria, a alinhar novos processos e definir atualizações que façam sentido na mesma.
Como referi, a missão é oferecer soluções simples e é nisso mesmo que temos estado a apostar. Em simplificar um tema que à primeira vista pode parecer bastante complexo.
SM: Como a SIBS vê o futuro do reporting de sustentabilidade em Portugal e na Europa, e que papel a SIBS ESG desempenhará?
MCT: Temos vindo a assistir a uma crescente regulação deste tema na Europa que é transposta para os vários estados-membros e Portugal não é exceção. Mas ainda existe muito por fazer e as instituições têm estado atentas e a fazer o caminho necessário para generalizar este tema e transformar uma Europa mais sustentável.
O impacto das alterações climáticas em Portugal é profundo e multifacetado, refletindo a natureza assimétrica desta crise global. E é particularmente preocupante para Portugal, cuja economia e sociedade são fortemente dependentes de setores sensíveis ao clima, como a agricultura, a pesca e o turismo. É, por isso, crucial que o país continue a investir em estratégias de adaptação e mitigação para combater os efeitos adversos das mudanças climáticas, e dar o exemplo nesta matéria.
As empresas e os nossos parceiros podem contar com a SIBS para os apoiar nesta jornada e continuar a desenvolver o SIBS ESG. Acreditamos que esta plataforma irá capacitar as empresas e as instituições financeiras a cumprirem, de forma mais acessível, as exigências regulamentares e a fortalecerem as suas práticas de sustentabilidade, qualquer que seja a sua dimensão, não deixando ninguém para trás.