Um olhar atento sobre a Segurança Alimentar
A alimentação é essencial para a sobrevivência do ser humano, logo não podemos permitir que a mesma seja responsável pelo mal-estar das populações.
O que nos surge quando ouvimos o conceito “segurança alimentar”? A maioria das pessoas associa a segurança alimentar ao consumo de água e alimentos seguros, mas a questão mantém-se: estaremos nós a consumir alimentos seguros? A sociedade estará consciencializada dos perigos existentes nos alimentos e os riscos que estes acarretam para a sua saúde?
A verdade é que ainda existe um longo caminho a percorrer, pois o índice de doenças alimentares é elevado. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que morram, por ano, mundialmente, mais de 420 mil pessoas alvo de doenças de origem alimentar. Este número é problemático e tem de ser impreterivelmente travado.
Contaminações dos alimentos
As contaminações dos alimentos podem ser de origem biológica, química ou física. É na origem biológica que se inserem os microrganismos patogénicos, bactérias, parasitas e vírus. A contaminação química engloba contaminações com toxinas (ainda que naturais), aditivos alimentares, resíduos de detergentes ou outro produto químico, pesticidas e antibióticos. Já contaminação física, engloba toda a contaminação que possa originar a ingestão de corpos estranhos, como fragmentos de plástico, vidro, cabelos, adornos, entre outros.
O segredo para redução dos números acima referidos passa pela prevenção. É fundamental que o ser humano esteja alerta para os perigos e para os atos seguros a ter, de forma a garantir o fornecimento e confeção de alimentos seguros.
Os serviços de saúde pública e entidades fiscalizadoras têm desempenhado um papel essencial no controlo, vigilância e fiscalização dos locais de preparação e venda de alimentos, contudo este é um processo contínuo, e o próprio consumidor tem de estar elucidado relativamente aos cuidados a ter na preparação dos seus alimentos, pois os mesmos podem chegar a si imaculados e a contaminação ocorrer em casa (uma vez que “40% dos casos reportados de intoxicação ou infeção alimentar, são cozinhados em casa”).
Impacto da contaminação
De um modo geral, grande parte dos adultos saudáveis podem ser afetados com doenças do foro alimentar sofrendo apenas indisposições ligeiras e normalmente desvalorizadas. Contudo, não nos podemos esquecer dos grupos de risco, dos grupos populacionais mais vulneráveis que apresentam uma expressão mais grave e uma preocupação acrescida, pois uma doença de origem alimentar pode ter consequências gravíssimas, podendo atingir a fatalidade.
As fontes de contaminação mais frequentes na origem de surtos de doenças alimentares são:
- Ingredientes contaminados;
- Más condições hígio-sanitárias e deficiente higienização dos locais;
- Processamento inadequado dos alimentos;
- Contaminações cruzadas;
- Fatores relacionados com a manipulação dos alimentos (quebra da cadeia de frio, armazenamento incorreto, falta de higiene por parte dos manipuladores).
“Regras de ouro”
O OMS define 10 regras de ouro para a preparação de alimentos como medida de prevenção que permitam melhorar a segurança dos géneros alimentícios:
- Selecionar cuidadosamente os alimentos;
- Cozinhar os alimentos na sua totalidade;
- Consumir o mais rapidamente possível os alimentos, após a sua confeção;
- O armazenamento dos alimentos deve ser efetuado de acordo com as suas características e devidamente acondicionados;
- O reaquecimento dos alimentos deve ser completo;
- Evitar o contacto entre alimentos crus e cozinhados;
- Lavar as mãos frequentemente;
- Manter todas as superfícies e utensílios que contactem com os alimentos devidamente higienizados;
- Proteger os alimentos de insetos, roedores e outras contaminações externas;
- Utilizar sempre água potável.
É importante compreender que os microrganismos patogénicos não se denunciam, isto é, o alimento contaminado não altera o sabor, cor, textura e cheiro. Desta forma, este nível de contaminação é silencioso, o que aumenta o nível de preocupação, uma vez que apenas se terá a perceção de que foi consumido um alimento contaminado quando os sintomas começarem a surgir.
A importância da segurança alimentar
A segurança alimentar é o pilar da alimentação saudável, pois de nada vale consumir um alimento nutritivo, se o mesmo estiver contaminado. A falta de entendimento para a correlação entre as más práticas de confeção e o surgimento de doenças alimentares, tem sido um grande entrave para diminuição da percentagem de ocorrência de doenças de origem alimentar.
É essencial formar e sensibilizar os manipuladores de alimentos e a população em geral, da importância de adoção de boas práticas aquando da manipulação de alimentos, pois só assim será exequível a redução de doenças de origem alimentar. A alimentação é essencial para a sobrevivência do ser humano, logo não podemos permitir que a mesma seja responsável pelo mal-estar das populações.