Cultura de Inovação: Pilar de Excelência para o Sucesso
Por inovação entende-se a introdução de novas ideias, métodos ou produtos. Já a produtividade refere-se à eficiência com que os recursos são utilizados para produzir resultados. A relação destes conceitos é fundamental para o crescimento e competitividade de uma empresa.
A inovação é um verdadeiro motor para aumentar a produtividade, dado que gera formas de trabalho mais eficientes, reduz os custos e, ainda, melhora a qualidade dos produtos ou serviços. Esta surge no sentido de resolver um problema ou devido à necessidade de melhoria. Quanto mais inovadora é uma empresa, mais produtiva ela é, gerando consequentemente, um capital humano mais criativo e inovador.
As empresas que inovam de uma forma contínua têm maior capacidade de se adaptar às mudanças do mercado, superar concorrentes e aumentar a sua quota no mercado onde está inserida.
É importante referir que, a implementação da inovação pode deparar-se com alguns desafios, como é o caso, da resistência à mudança, dado que, muitas vezes, os colaboradores resistem a novas tecnologias ou a métodos, devido ao medo do desconhecido ou à falta de compreensão dos benefícios associados. Outro desafio, tem a ver com os riscos associados, dado que as inovações podem falhar e é importante que as empresas estejam preparadas para assumir esses riscos. Implementar projetos-piloto e utilizar abordagens iterativas pode ajudar a minimizar esses riscos.
Estratégias para uma empresa ser mais inovadora:
Existem inúmeros casos de sucesso em Portugal e no Mundo. Em Portugal, há várias empresas que se destacam pela sua capacidade de Inovação e Produtividade, demonstrando excelência em diversas áreas. A Farfetch do setor da tecnologia e e-commerce de moda, é aquela que mais se destaca, sendo um verdadeiro exemplo de como a inovação tecnológica pode transformar um mercado tradicional como o da moda. A empresa desenvolveu uma plataforma online que conecta boutiques de luxo de todo o mundo com clientes, utilizando tecnologias avançadas de e-commerce e Inteligência Artificial para personalizar a experiência de compra. Reconhecida pela sua abordagem disruptiva no comércio digital, a Farfetch foi uma das primeiras startups portuguesas a alcançar o status de “unicórnio” e a entrar na bolsa de Nova Iorque. Este destaque prende-se com um conjunto de fatores, como a liderança global no e-commerce de luxo, tecnologia avançada e personalizada, crescimento exponencial e reconhecimento, inovação constante, adaptação e resiliência e parcerias estratégicas.
Cultura de Inovação: incentivar a colaboração, a tolerância ao erro e recompensar ideias criativas
Investimento em P&D: designar recursos para a pesquisa e desenvolvimento
Formação contínua: oferecer capacitação aos colaboradores
Design Thinking: ter resolução criativa de problemas, sempre com foco no cliente
Colaboração externa: estabelecer parcerias com startups e outras empresas
Ambiente flexível: criar espaços de trabalho colaborativos e horários flexíveis
Tecnologias disruptivas: usar a Inteligência Artificial, a automação e a análise de dados
Diversidade: equipas variadas geram mais Inovação
Inovação incremental e radical: equilibrar melhorias contínuas com mudanças disruptivas
Metodologias ágeis: implementar estruturas de gestão para a flexibilidade (Scrum ou Kanban)
A nível global, temos o exemplo da Apple, cuja contínua inovação de produto (iPhone, iPad, Apple Watch) e de processos (lojas Apple com foco na experiência do cliente) são exemplos de como a inovação pode manter uma empresa na liderança de mercado. Na Toyota a implementação do sistema de produção Just-In-Time, eliminou desperdícios e aumentou drasticamente a produtividade na fabricação de automóveis. E a tão conhecida Netflix, que se transformou totalmente, passando de um serviço de aluguer de DVDs para a líder global em streaming, inovando continuamente em conteúdo e experiência do utilizador.
A relação entre a inovação e a produtividade tem sido alvo de vários estudos cieníficos ao longo dos anos, onde se tem chegado a descobertas e contribuições muito interessantes.
Passo a listar alguns:
Brynjolfsson, E., e McAfee, A. (2014), no livro “The Second Machine Age”, os autores exploram como as tecnologias digitais, incluindo a Inteligência Artificial e a automação, estão a transformar as empresas e a aumentar a produtividade, mas também destacam a necessidade de adaptação, no sentido de se aproveitar plenamente essas inovações. |
Hogan, S. J., e Coote, L. V. (2014), em que o estudo “Organizational Culture, Innovation, and Performance: A Test of Schein’s Model” explora como uma cultura organizacional aberta à mudança e à criatividade pode melhorar a capacidade de inovação e, consequentemente, a produtividade da empresa. |
Rigby, D. K., Sutherland, J., e Takeuchi, H. (2016) no artigo “Embracing Agile” publicado na Harvard Business Review, os autores analisam como as metodologias ágeis podem melhorar a produtividade ao permitir uma maior flexibilidade e uma rápida resposta às mudanças. |
Netflix e a Inovação Contínua (Smith, B., e Watson, K., 2018), cujos estudos de caso sobre a Netflix demonstram como a empresa tem utilizado a inovação em modelos de negócio e tecnologia, como é o caso dos algoritmos de recomendação, para manter uma elevada produtividade e competitividade. |
OECD (2020), cujos relatórios sobre o impacto das novas tecnologias na produtividade global destacam as áreas de maior potencial de inovação e os setores que poderão ter maiores aumentos na produtividade nos próximos anos. |
Também existem alguns livros que abordam esta temática, de uma forma extraórdinária e através de diferentes ângulos, desde a implementação prática até à teoria que está por trás da inovação e das suas implicações na produtividade:
“The Innovator’s Dilemma” de Clayton M. Christensen é um livro essencial para entender como a inovação pode afetar a produtividade das empresas, especialmente ao lidar com as mudanças tecnológicas. |
“The Lean Startup” de Eric Ries é um livro fundamental para empresas que querem entender como a inovação pode ser incorporada de maneira eficiente, reduzindo desperdícios e aumentando a produtividade. |
“Drive: The Surprising Truth About What Motivates Us” de Daniel H. Pink oferece insights sobre como criar uma cultura de inovação que promova a produtividade, alinhando a motivação dos colaboradores com os objetivos da organização. |
“The Second Machine Age” de Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee é uma leitura importante para se entender o papel das tecnologias emergentes na inovação e o seu potencial para aumentar a produtividade. |
“Radical Candor” de Kim Scott mostra como uma cultura de um feedback direto e sincero pode ser uma alavanca poderosa para a inovação e a eficiência.
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Também, já existem livros escritos em português que abordam o tema da inovação e produtividade, com foco em estratégias práticas e teorias adaptadas ao contexto empresarial lusófono, nomeadamente:
“Inovar é Simples: Como Desenvolver uma Cultura de Inovação na sua Empresa” de João Kepler é ideal para gestores que procuram ferramentas acessíveis para promover a inovação e melhorar a produtividade do seu capital humano. |
“Empreendedorismo e Inovação: Pensar Criativamente para Crescer” de António Grilo e João Leitão é especialmente útil para empresários e gestores em Portugal que procuram adaptar conceitos de inovação para o contexto local. |
“Inovação e Sustentabilidade: Como Vencer esse Desafio Empresarial” de André Carvalhal é ideal para empresas que procuram alinhar os seus objetivos de produtividade com práticas sustentáveis e inovadoras. |
“Manual de Inovação para Empreendedores e Pequenas Empresas” de Adélia Lobato Furtado fornece um passo a passo claro e adaptado para o contexto das PME’s, oferecendo insights sobre como a Inovação pode ser uma alavanca de produtividade e sucesso. |
No âmbito deste tema, é fundamental referir que em Portugal existem vários mentores e especialistas na área que têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de startups, empresas e ecossistemas de inovação. Esses mentores estão, frequentemente, envolvidos em programas de aceleração, incubadoras, universidades e eventos de empreendedorismo, onde partilham o seu conhecimento e experiência.
Trata-se de mentores que têm um papel fundamental no apoio ao desenvolvimento do ecossistema de inovação em Portugal, ajudando startups e empresas a navegarem pelos desafios da inovação e a maximizarem a sua produtividade. Através de programas de aceleração, eventos de networking, e consultoria estratégica, eles contribuem para que o país continue a ser um hub dinâmico para inovação e empreendedorismo.
Posso destacar: Carlos Moedas (economista e político), que tem um papel ativo na dinamização do ecossistema de startups e inovação em Lisboa, promovendo iniciativas como o Web Summit e o Hub Criativo do Beato; Miguel Santo Amaro (co-fundador da Uniplaces), além de liderar o crescimento da Uniplaces, é mentor em vários programas de aceleração como o Beta-i e o Startup Lisboa, onde aconselha empreendedores sobre como escalar negócios inovadores; João Vasconcelos (ex-Secretário de Estado da Indústria e uma das figuras-chave na promoção do empreendedorismo em Portugal), durante o seu mandato governamental, foi instrumental na criação do Programa Startup Portugal e continua a apoiar o ecossistema de inovação através de mentorship e consultoria; André de Aragão Azevedo (secretário de Estado para a Transição Digital) atua como mentor e facilitador em diversas iniciativas que promovem a inovação tecnológica, especialmente em áreas de transformação digital e de Inteligência Artificial; entre muito outros. Contudo, Cristina Fonseca é a mentora que mais se destaca, particularmente, no panorama de inovação e produtividade em Portugal, devido à combinação do sucesso empresarial, papel ativo como investidora e mentora, a sua influência em iniciativas de inovação e impacto social fazem dela uma das figuras mais destacadas e inspiradoras no ecossistema de Inovação em Portugal.
A nível global, há vários especialistas e mentores notáveis na área de inovação e produtividade, e o destaque pode variar dependendo do setor específico e das necessidades individuais. No entanto, se considerarmos a influência global e a presença em várias esferas, Clayton Christensen é frequentemente destacado devido ao seu impacto profundo e duradouro na Teoria da Inovação. Elon Musk também merece destaque devido à sua enorme visibilidade e impacto em diversas áreas, como os veículos elétricos, a energia renovável e a exploração espacial. Este mentor é, amplamente, reconhecido pela sua capacidade de transformar indústrias inteiras e promover uma visão audaciosa para o futuro.
A relação entre inovação e produtividade é de interdependência e central para o crescimento económico, competitividade e desenvolvimento sustentável das empresas e das economias. A inovação é um dos principais motores da produtividade, permitindo que as organizações e países façam mais com menos recursos, sejam mais eficientes e se adaptem melhor às mudanças de mercado.
As empresas que adoptarem uma cultura de inovação só terão benefícios em termos de compromisso organizacional e, consequentemente, na produtividade, colocando-a numa posição de excelência no mercado.